Recentemente em visita a um hospital me deparei com a revista “A sentinela” de 01/08/11, deixada lá por algum publicador. Na página 16 da referida revista encontra-se o artigo: Como você pode identificar a adoração verdadeira?
Com argumentos cuidadosamente preparados, o artigo tenta conduzir o leitor a concluir que a religião das Testemunhas de Jeová é a verdadeira, pois é mencionado apenas as particularidades que os diferenciam das demais religiões, como o uso constante do nome Jeová. Tudo que poderia depreciar a Torre de Vigia é omitido. Neste artigo encontramos a seguinte argumentação: “A religião verdadeira honra o nome de Deus, Jeová. Jesus tornou conhecido o nome de Deus. Ele ajudou pessoas a conhecer a Deus e as ensinou a orar para que o nome de Deus fosse santificado. (Mateus 6:9) Onde você mora, que religião incentiva o uso do nome de Deus? Leia João 17:26; Romanos 10:13,14.”
Notaram o singular: “A religião verdadeira”? Ou seja, só existe uma verdadeira, que é a Torre de Vigia claro.
Neste parágrafo a Torre faz quatro afirmações:
1) O nome de Deus é Jeová.
2) Existe uma única religião verdadeira que honra este nome.
3) Jesus usava e tornou conhecido o nome Jeová.
4) Jesus ensinou as pessoas a orar santificando o nome Jeová.
Há controvérsias, vejam porque!
1ª afirmação: O nome de Deus é Jeová.
O nome de Deus não é Jeová, este nome vem sendo usado em substituição ao nome original, a verdade é que ninguém sabe com certeza como o nome de Deus era pronunciado originalmente.
A Torre de Vigia no livro “Estudo Perspicaz V2” pg. 493/5, reconhece que não se sabe a pronúncia do tetragrama YHWH, e a maioria dos hebraístas são a favor de IAHWEH, que não há unanimidade entre os peritos, alguns são a favor de outras pronuncias, tais como: “Yahuwa”, “Yahuah”, “Yehuah”, “Yehwáh”, “Yehwíh” ou “Yeho.wáh”.
2ª afirmação: Existe uma única religião verdadeira que honra este nome.
Aqui existe uma contradição, pois a própria Torre de Vigia em sua brochura “Nome Divino”, reconhece que outras religiões também tem honrado o nome de Deus:
Na página 6 da brochura “Nome Divino”, estamparam uma foto, com detalhe de um anjo com o nome de Deus, no túmulo do papa Clemente XIII, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Na página 10 da mesma brochura, inseriram mais fotos, 1) O nome Jeová, conforme aparece num mosteiro em Bordesholm, Alemanha; 2) numa moeda alemã, datada de 1635; 3) acima da porta de uma igreja, em Fehmarn, Alemanha; 4) numa lápide de 1845, em Harmannschlag, Baixa Áustria.
A Cristandade restaurou o nome divino, não as Testemunhas de Jeová. Muito tempo antes da Torre de Vigia existir, religiões cristãs já honravam e usavam o nome Jeová, e ainda o fazem.
3ª afirmação: Jesus usava e tornou conhecido o nome Jeová.
Jesus usava e tornou conhecido o nome Jeová? Os evangelhos não indicam isto.
A preferência de Jesus não era o nome Jeová, ele se referia a Deus como “Abba”, que quer dizer: papai querido. Consta nos evangelhos que Jesus o chamou de “Pai” por cerca de 200 vezes. As primeiras palavras registradas de Jesus, com apenas 12 anos de idade foram: “Não sabíeis que eu tenho de estar na [casa] de meu Pai?” (Lc 2:49 TNM). Note as ultimas palavras de Jesus antes de sua morte de acordo com Lucas 23:46 (TNM): “E Jesus exclamou com voz alta e disse: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito.” Dizendo isso, expirou.”
Jesus inaugurou um novo modo de chamarmos a Deus, “PAI”, simples assim.
Joachim Jeremias, erudito no Novo Testamento, descreve que antes de Jesus, era muito raro Deus ser chamado de Aba: “Com a ajuda de meus assistentes, examinei a literatura devocional do antigo judaísmo... O resultado desses exames foi que, em lugar algum dessa vasta literatura, foi achada a invocação de Deus como "Aba Pai". Aba era uma palavra comum; uma palavra familiar e corriqueira. Nenhum judeu teria ousado tratar Deus dessa maneira. Não obstante, Jesus o fez em todas as suas orações a nós legadas, com uma única exceção: o brado da cruz — ‘Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Embora o tetragrama seja o mais usado no velho testamento, Deus é chamado de muitos nomes na bíblia, mas parece que o favorito de Deus é Pai. Sabemos que Deus ama ser chamado de Pai, porque era assim que Jesus se dirigia a ele.
4ª afirmação: Jesus ensinou as pessoas a orarem santificando o nome Jeová.
Em todas as suas orações Jesus se dirigiu a Deus, chamando-o de Pai, com uma única exceção na ocasião de sua morte conforme Mateus 27:46 ou Marcos 15:34 (TNM): “Por volta da nona hora, Jesus exclamou com voz alta, dizendo: “Eli, Eli, lama sabactâni?”isto é: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”- Assim a única vez que Jesus deixou de chamar a Deus de Pai em oração, ele o chamou de Eli, Eli ou Deus meu, Deus meu.
Mas não indica a oração do pai nosso, que devemos santificar o nome Jeová? Jesus disse em Mateus 6:9 (TNM): “Portanto, tendes de orar do seguinte modo: Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome...” Note que aqui não aparece o nome Jeová, mas apenas Pai. Mas e quanto ao “santificado seja o teu nome”, Jesus não estava indicando que devemos santificar o nome próprio de Deus? Não necessariamente!
Em muitos lugares pessoas tem usado as seguintes expressões: “Você esta preso em nome da lei”, ou “Em nome do bom senso...”, ou “Em nome da justiça...”, ou “Em nome da honra...”. Indicam estas expressões, que a lei, o bom senso, a justiça e a honra tem nomes? Obviamente não, estas expressões estão apenas destacando a importância da Lei, do bom senso, da justiça e da honra. Não estaria também Jesus destacando a grande importância de Deus, quando disse “santificado seja o tem nome?”
De acordo com o exemplo de Jesus, a pessoa não deixará de ser um verdadeiro cristão se orar e se referir a Deus, chamando-o de Pai ou simplesmente Deus.
Concluindo:
Embora a Torre de Vigia e as Testemunhas de Jeová façam uso constante do nome “Jeová” isto de forma alguma é prova de que eles são os verdadeiros cristãos, pois o próprio Jesus Cristo raramente usou este nome, e talvez nem mesmo o tenha usado.
Sobre as Testemunhas de Jeová terem a pretensão de serem a única religião verdadeira, talvez devessem seguir o conselho Bíblico: “Deus opõe-se aos soberbos, mas dá benignidade imerecida aos humildes.” Tiago 4:6 (TNM).